Ao contrário do que se passa na maior parte dos países europeus, ter casa própria é um objectivo central para a maioria das famílias portuguesas. Os números do Banco de Portugal mostram que existem mais de 2,4 milhões de pessoas com crédito à habitação. No entanto, para as famílias que estão a pensar em trocar de casa - ou que pretendem adquirir pela primeira vez um imóvel- esta poderá não ser a altura ideal para o fazer, a não ser, é claro, que tenha dinheiro disponível. Não só o porque os bancos estão a apertar muito os critérios de concessão de crédito (através do aumento dos ‘spreads', das comissões e da exigência de rácios de financiamento mais baixos), como também por causa das imposições da "troika". Recorde-se que a equipa composta pelo BCE, FMI e Comissão Europeia quer incentivar o arrendamento em detrimento da compra de habitação própria.
1 - ‘Spreads' mais elevados
Desde a falência da Lehman Brothers que os bancos portugueses têm vindo a aumentar os ‘spreads'. No início de 2009, os cinco maiores bancos a operar em Portugal praticavam em média um ‘spread' mínimo de 0,67%. Desde então valor triplicou, situando-se actualmente nos 2,16%. E a escalada deverá continuar. Segundo o último inquérito ao bancos sobre o mercado de crédito, relativo a Julho, as instituições financeiras vão continuar a aplicar "critérios mais restritivos na concessão de empréstimos a empresas e particulares".
2 - Dar uma entrada generosa
Antes da crise, os bancos concediam 100% (ou até mais) do financiamento para a compra de casa. Esta possibilidade acabou. A generalidade das instituições baixou os rácios de financiamento/garantia para os 60%-70%. Ou seja, para um imóvel no valor de 100 mil euros o banco empresta apenas entre 60 mil e 70 mil euros desse valor. Isto significa que quem neste momento queira comprar casa tem de possuir poupanças suficientes para dar um valor generoso de entrega inicial.
3 - Comissões mais elevadas
Não são apenas os ‘spreads' que estão mais elevados. As comissões e os prémios dos seguros associados ao crédito à habitação também estão a encarecer. Segundo os últimos dados do Banco de Portugal, a taxa de juro nominal média para os novos contratos de crédito à habitação feitos em Julho era de 3,89%. No entanto, se tivermos em conta os custos relacionados com comissões e seguros a taxa anual efectiva sobe para os 4,85%. Ou seja, perto de 20% dos encargos com o crédito à habitação são para pagar estes items.
4 - Analise a sua taxa de esforço
Antes de escolher a casa que quer comprar faça o seu próprio trabalho de casa. E avalie se tem condições para pagar um empréstimo à habitação. Isto porque um dos critérios que os bancos têm em conta é a taxa de esforço que esse financiamento representaria para essa família. A taxa de esforço não deve ser superior a 30% do rendimento mensal. Ao fazer as suas próprias contas não se esqueça que este ano o seu poder de compra vai diminuir. Não só por via da criação da sobretaxa no IRS (que implica um corte no subsídio de Natal), mas também pelo aumento dos preços do gás e electricidade.
5 - Nem tudo é negativo
Apesar de todos estes entraves, nem tudo é negativo para quem quer comprar casa. Os dados do INE sobre a avaliação bancária na habitação (que funcionam como um barómetro sobre a evolução dos preços do imobiliário em Portugal) mostram que o valor médio atribuído pelos bancos às casas em Portugal caiu em Julho para o nível mais baixo desde 2003. Ou seja, para quem tenha dinheiro disponível e não precise de recorrer a financiamento esta poderá ser a altura ideal para comprar uma casa a preços de saldo. Outra boa novidade é que mesmo que precise de recorrer a financiamento para adquirir casa não deverá ver agravada a prestação da casa nos próximos meses, visto que os mercados prevêem uma queda das taxas Euribor durante todo o ano de 2012"
1 comentários:
Acho que os portugueses gostam muito de ter casas própria porque sentem que é um investimento a longo prazo e que, se precisarem, a casa vale sempre a casa. Infelizmente o que temos visto é que isso não é verdade, não havendo quem a compre as casas têm sofrido uma forte desvalorização acabando por ser os bancos os únicos a ganhar com a situação. Ainda há pouco tempo apareceu uma senhora que tinha pedido um impréstimo (80 mil euros?) para pagar casa sendo que tinha já estado a pagar julgo 2 anos. Divorciou-se e precisava de vender a casa. Ora neste momento ofereciam-lhe 60 mil pela casa e ela devia ao banco... 80 mil.
É bom que o mercado de arrendamento comece a funcionar.
PS: Muita gente ganhou com o negócio da venda de casas. Não esquecer que a fraude na venda e sobrevalorizacao de terrenos em que supostamente não se podia construir foi considerada como a forma mais fácil de enriquecimento ilício em portugal e, não esquecer, o enriquecimento ilícito ainda não é crime em portugal (vamos ver o que sai desta contagem de votos)
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