O tempo é engraçado. É ele que dita o compasso das coisas, é ele que diz se somos ou não maiores de idade, se temos ou não maior probabilidade de ter esta ou aquela doença, é um ser que segue sem parar.
Calcorreia o mundo, passa fronteiras, muitas delas em tempos diferentes tornando o momento que vivemos uma dualidade (muitas mais até!) temporal. No outro dia a minha irmã e a minha prima faziam anos, uma a 27, outra a 28, e durante 12 horas partilharam o dia de anos. Estranho não é? É como o dia de ano novo. Uns passam primeiro , outros mais tarde.
[Costumam dizer que o fim do mundo tem data e hora marcada. A questão é…em qual dos tempos? O nosso tempo? O tempo dos australianos (que corre meio dia à nossa frente).]
…
Hoje, tal como ontem, anteontem e nos últimos tempos, mas principalmente hoje, sinto que o tempo parou. Os dias seguem-se uns aos outros, faço o mesmo sem surpresas, sei que tenho de estudar, pego nas coisas para estudar, tento estudar, não consigo estudar o que previ, desespero um bocado, volto a tentar, e no meio de tantas voltas, com direito a uns mini momentos de socialização com a minha família, com o meu namorado, com os meus amigos e colegas nesta luta…durmo.
Dia seguinte repito as vontades, os gestos, atino e desatino como nos dias anteriores, tudo de forma tão sistemática que até perco a noção dos dias da semana. (Só consigo distinguir o fim de semana do resto porque ao fim de semana as minhas pessoas não trabalham. Se vivesse sozinha, nem isso seria capaz.)
No meio deste ciclo vicioso em que o que muda é a página do harrison, é a complexidade ou não do tema que leio, sinto que o tempo parou, que para mim se encontra estagnado. (tirando o facto de sentir que estou cada vez mais próxima do inevitável exame).
E que acontece no entretanto…o mundo pula e avança. As pessoas crescem, sonham, vivem. E eu? Eu, mantenho-me igual a ontem, a anteontem, aos últimos tempos. Tudo isto até podia nem custar, ou melhor podia custar menos. Mas é impossível. Não só porque na nossa era tudo se sabe em todo o lugar, tal como todos nós nos rodeamos de seres que não estão congelados no tempo. Basta vê-los e sentir que o tempo não pára.
Sabem quando os doentes estão internados nas unidades de cuidados intensivos? Para quem não sabe, lá, onde a ligação com o mundo exterior é escassa, em que tudo é uma grande confusão, o tempo deixa de existir para os doentes. Durante o tempo que lá estão perdem a noção do número de dias que vão passando. Às vezes penso que o melhor para nós, para mim, seria fazer uma viagem para uma ilha deserta e aí permanecer até à data do exame.
E agora um sinal de que o tempo de vez em quando até passa pelos que estudam o harrison: hoje o Thanatos faz 24 anos! algures estará ele a comemorar este dia, um dia que marca a conclusão de mais um conjunto de dias , conjunto chamado ano, que criamos para melhor nos entendermos com o tempo. Se ele tivesse nascido noutro planeta teria outra idade, ele e todos nós, se calhar já teria feito mais festas de anos do que na Terra, ou menos, não sei…Muitos parabéns ao Thanatos =)
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