… que tudo mudou.
Na altura a dor da perda pareceu-me insuportável, impossível de apagar. Por longos dias, foi como uma pedra que esmagava e amargurava o meu coração. Quis parar, mudar o que estava feito, fazer o tempo voltar para trás.
Mas o tempo não parou, continuou impiedosamente, obrigando-me a reagir a uma velocidade que para mim foi desumana.
Precisei de uma janela para respirar, de canto para desabafar; tinha a mente preenchida de pensamentos que precisava de libertar. Comecei a escrever...
Escrevi, escrevi e a cada palavra que passava mais força tinha para lutar contra as lágrimas que saíam dos meus olhos. E assim nasceu simbolicamente Silverdrop.
“ 14 de Junho de 2007
São nestes dias que nos apercebemos do valor da vida, do valor que os outros têm para nós, do quão deveríamos ter feito...e a cada vez que isso acontece sou invadida por uma vontade de chorar amarguradamente... e a cada vez que tento parar, mais impossível parece ser...
Sei, ou penso que sei... hoje parece difícil, impossível mas é por estar fresco que é assim; como uma ferida, vai levar tempo a cicatrizar, a fechar, a terminar...e enquanto isso não acontecer não vou poder descansar nem retomar a normalidade
Só me ocorre na cabeça o quão podia ter feito, o quão quis fazer, o quão devia ter feito... (…)
Enquanto podemos não dizemos o que sentimos, não falamos do que realmente importa, perdemos tempo com inutilidades, gastamos palavras com trivialidades...”
“22 de Junho de 2007
Lembro-me do que a filha dele me perguntou “É mentira não é?”
A morte é estranha, parece quase irreal, algo inconcebível na minha mente.
Ainda há pouco tempo ele estava vivo, estava a chamar por nós, a falar connosco…e agora, assim, de repente, toda a vida nele existente evapora-se…
Acho que com o passar do tempo, cada vez mais parece uma situação irreal; tenho a sensação de que se pegar no telefone do outro lado ainda posso encontrar a sua voz, as suas piadas brincalhonas, a sua preocupação pela minha pessoa. Cada vez mais parece um pesadelo do qual ainda tenho esperanças de acordar…
Quem me dera que fosse…
São várias as coisas no meu dia a dia que me levam a recuar no tempo, a recordá-lo, e infelizmente a cada vez que acontece mergulho num mar de tristeza…tristeza de não ter tido mais tempo…E nestes momentos só mesma a sensação de que tudo isto é mentira é que dá algum conforto ao meu coração…”
Flores para Algernon
Há um ano
4 comentários:
não sabia que tinha sido uma situação triste que deu origem a este blog... mt interessante ;)
O meu blog nasceu também numa altura complicada para mim e renasceu, pouco tempo depois, na fase mais triste e mais difícil da minha vida. É por isso que cada palavra escrita vem directamente da minha alma, reflecte-me sem preconceitos e sem vergonhas.
A perda marca as viragens mais importantes das nossas vidas. Faz-nos ver o mundo sob um prisma completamente diferente, aceitar as diferenças dos outros e dizer-lhes mais vezes o quanto os amamos. O preço a pagar é grande, são muitas lágrimas e muitas angústias, momentos mudos em que nada nem ninguém pode eliminar o sofrimento. A humildade que daí decorre faz-nos perceber que a vida não é nem nunca será justa, que cada momento deve ser aproveitado como se fosse o último e que estar aqui é a coisa mais valiosa que existe. Das cinzas renascemos mais fortes mas nunca, jamais, esqueceremos as chamas tristes que nos consumiram.
Porque gosto de ti*
exato o sal seja no k for k se queira cozer deve-se sempre juntar o sal so depois de ferver pois atrasa a fervura e o gas ta caro!!!lol.
julho e agosto nao vou colocar no blog o menu do mês pois vou ter estagio no sheraton.
foi há um ano, mas parece que foi há muito menos...
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